Múltiplos Sentidos
Como nas cidades, escrever é uma arte que nos oferece múltiplos sentidos. Cabe a nós escolher um...
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Nos cruzamentos, trevos e viadutos do ser, somos guiados diariamente pelo mapa do inconstante. E posso vir a concordar com Jack, e pensar que isso tudo aqui é um grande e estranho sonho... Daykerson, 25 anos, sobrevivendo entre amor, ironias, sonhos e livros.

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A volta
01 novembro 2012, 8:36 PM

'' Na rua tudo é perfeito outra vez, o mundo está constantemente impregnado pelas rosas da felicidade, mas nenhum de nós sabe disso. A felicidade consiste em compreender que tudo é um grande e estranho sonho.''
Jack Kerouac (Viajante Solitário)

Decidi voltar a escrever no Múltiplos Sentidos. Acho que é onde faz mais sentido agora. Tento sempre me encontrar nos diversos blogs que faco, mas nem sempre tudo acontece de maneira constante. Acho que ando vivendo uma fase bem distinta, complicada da jornada. Muitas coisas passando pela mente, e nem sempre coisas muito boas. E talvez eu precise agora de outros sentidos, justamente o que era o objetivo desse lugar quando o criei. Afinal de contas, a gente só faz o que tem que fazer, quando tem que fazer. Por mais que tenhamos que recorrer a novas fontes de energia de vida, seja na fé ou na língua, viver é inevitável, e é instinto nosso tentar sempre faze-lo da melhor forma. E assim seja, novamente, daqui em frente. Greetings!




Meu padrinho
05 novembro 2011, 7:50 PM

Hoje faz um ano que meu padrinho se foi. Eu estava na faculdade, sentado em um canteiro, segurando os livros para uma colega que havia ido na biblioteca. Era uma sexta-feira, dia 05 de novembro de 2010. Os Julianos estavam em Cascavel para a pós-graduação, e eu fui embora com eles para casa. Pedimos pizza, e eu me sentia extremamente triste. No trabalho, dia seguinte, chorava pelos cantos, e nada tirava uma espécie de culpa de mim.
Em julho desse mesmo ano, eu tinha feito a minha primeira viagem para Minas Gerais, desde a minha mudança, em 2009. Fiquei em Muriaé, e apesar da minha vontade, não consegui ir até Carangola, onde já tinha a idéia fixa de ver meu padrinho. Mas, até aquele momento, não pensei que nada iria me impedir de vê-lo um ou dois anos depois.
Porém, pouco tempo depois, ele foi internado em Muriaé, no Prontocor, com um um problema um tanto sério no coração. Meu pai me ligava diariamente, trazendo notícias. Ele havia passado por uma cirurgia de alto risco, que durou muitas horas. Eu estava aqui, no Paraná, preocupado. Cheguei a ligar para o hospital umas duas vezes para saber notícias.
Um dia, meu pai me ligou, e disse que estava com meu padrinho. Eu perguntei se era possível falar com ele. Alguém que lá estava não recomendou, mas mesmo assim colocaram ele no telefone para falar, imagino eu, uns 2 minutos.
Perguntei a ele como estava, e disse várias coisas para animá-lo. Comentei sobre o Fluminense, nosso time, que estava na liderança do campeonato nacional. E prometi a ele que em 2011 retornaria a Minas e com toda certeza iria até Carangola, onde iríamos fazer uma caminhada pela cidade. Mas essa caminhada nunca aconteceu. Nem o café que prometi que tomaríamos juntos. Tudo ficou pro tempo apagar.
Naquela noite do dia 5, haviam chamadas perdidas do meu pai, fato que sempre me preocupa. Em seguida, minha esposa me ligou, com uma voz triste, dizendo que eu tinha que ligar para meu pai. Logo pensei em algo com minha mãe, e até mesmo perguntei a ela se era. Ela negou, e logo veio a imagem de meu padrinho na cabeça. Aquela voz fraca que ouvi quando conversamos. E perguntei novamente a ela, que ficou calada, deixando o silencio confirmar o pior.
Falei com meu pai, que estava abalado. Afinal, foram décadas trabalhando juntos, sempre comigo, pequenininho, no meio de tudo. Ele disse que estavam se programando para ir a Carangola para o enterro, no sábado. Ele foi junto de minha irmã, e eu fiquei aqui, com minhas angústias, culpas e tristezas.
Hoje, sinto um vazio que nada preenche. Na verdade, fazem doze meses que sinto esse vazio. Acredito que estas foram as primeiras promessas que fiz, e que não haveria forma nenhuma de cumprir. E isso me maltrata.
Meu padrinho nem teve a oportunidade de ver o seu time (e meu) campeão brasileiro de 2010, fato que acredito que fez todo sentido. Esse título teve uma simbologia muito mais forte que um simples campeonato vencido. Tinha a ver com meu padrinho de alguma forma, e eu sei disso. Lembro até hoje da tarde de domingo, do jogo contra o Guarani, quando o Simon apitou o fim de jogo e eu gritei pelo apartamento, e na janela. Eu estava sozinho, e me coloquei a chorar, chorava pelo meu padrinho, chorava de felicidade também. Mas, acredito eu, aquela foi a única vez que tive oportunidade e coragem para desabafar sobre o que eu estava sentindo.
Esse ano de 2011 eu voltei a Minas, assim como prometi a meu padrinho. Levei inclusive minha esposa, pela primeira vez, na minha região. Teria sido perfeito. E, assim como prometido, fui a Carangola. O primeiro lugar que eu queria ir era até a casa de meu padrinho, e assim meu pai me levou. Não havia ninguém lá. Eu me segurava em uma emoção forte, era tudo junto. Passeamos pela cidade e voltamos para Muriaé. Naquele momento, quem eu queria ter visto, não estava ali.
No dia que fui embora de Muriaé, eu chorei bastante dentro do ônibus, onde fui consolado pela Carol. Eu estava de novo deixando tudo para trás, e chorava do mesmo jeito que havia chorado em 2009, e em 2010. Eu estava deixando meu pai, minha mãe, toda a família e problemas, amigos, e, meu padrinho, junto com uma promessa.
Mas, eu sei que o Silas sabe, que eu cumpri a minha promessa. Eu estava lá padrinho. Eu fui caminhar, fui pra gente conversar, falar de futebol. Mas, Deus precisou do senhor primeiro.
Saudades, Silas Ferreira Rodrigues, o “negrinho’, o “Silas da Telemig”.
Onde você estiver, que tenha Deus e toda nossa saudade com você.
A minha primeira perda de alguém próximo. E como dói.
Saudades, padrinho!



Providências
22 agosto 2011, 12:41 AM

A vida se torna um lixo se for levado em conta somente os motivos para o estresse mental e o esgotamento físico. Não se pode basear tudo apenas nos detalhes ruins, que nos levam ao chão, nos tornam sensíveis e despreparados.
Valorizar o que se é é fundamental para se entender, e entender que de fato existe um caminho para uma vida mais feliz, e isso não importa quantidade de dinheiro ou o valor das dívidas.
Perder o dia pensando em algum problema imbecil do trabalho é a pior forma de conduzir a si próprio. Não importa o que dizem a você, sobre você. Se você se considera alguém importante e está convicto do que é, não haverá nenhuma crítica ou feedback, no linguajar organizacional, que poderá lhe atingir.
A vida proporciona diversos caminhos, bons e ruins, e temos até certo ponto liberdade para seguir o que quisermos. Ninguém pode nos dizer qual deles seguir, e muito menos qual deles não podemos seguir.
A lição mais importante é deixar você ser o seu maior mentor, e que as suas verdades sejam as verdadeiras. Nossos sonhos devem ser nossos líderes, pois são cultivados dentro de nós, e não em nenhum programa de trainee de besteira alguma.
Auto-valorização é a chave da porta da satisfação.



Mera diferença
15 agosto 2011, 1:10 AM


Não acredito que tenhamos que nos adaptar a alguma coisa ruim, passageira. Para mim isso não envolve adaptação. É melhor colocado como algo que devamos suportar.
Pensando nisso hoje (com motivos para chegar a essa linha de pensamento) percebi que podemos nos adaptar a uma perda, a uma dor constante, a um uso rotineiro, como óculos, cadeira de rodas, pois são coisas incrustadas em nossa vida, na qual seja o que for não poderemos simplesmente nos livrarmos delas.
Vizinhos chatos, chefes odiosos, colegas de trabalho inúteis e causadores de transtorno são meros ventos empoeirados que passam, e vão embora. Nós só temos de fechar os olhos e esperar a poeira se dissipar, não sendo necessário nos adaptarmos a ela.
Esta é a melhor forma de tratar das coisas que povoam nosso cotidiano recheado de receios, medos e inseguranças. Temos de ter a consciência de que o que não queremos para nossa vida, é simplesmente passageiro, se vai.
Se enxergássemos mais desta forma sofreríamos menos, porém a ansiedade de transformar o agora nos agonia, pois não é humano querer o depois, e se contentar com isso. Por mais que tenhamos uma certeza de um futuro mais acolhedor e seguro, nos apegamos ao amargo e sempre instável presente.
É o que somos. Sem mais.



Mente que se transporta no tempo
30 maio 2011, 10:55 PM

Ouvindo agora a Fatal Tragedy, do Dream Theater, me pego pensando em quantas vezes escutei essa música, lá em Minas, dentro do meu quarto, que basicamente era meu mundo. Uma faixa de tempo que se passou, e que jamais vai voltar. Cada segundo que se foi, jamais voltará, e por mais que essa seja a maior verdade que temos, ainda ouso em duvidar e questionar, me perguntando se isso é realmente verdade.
Os dias estão passando mais rápido, e eu que me via antes como alguém tão novo já não consigo me ver assim. A velhice da alma me acompanha desde os 15, mas a física, corporal, está começando a bater na porta. Já não tenho paciencia para muita coisa que tinha antes. Pessoas, lugares, situações. Certas vezes eu só quero fugir de alguma coisa, e ir pra minha casa, pra minha sala, e ficar alí, onde esteja somente eu, ou na companhia da Carol, que em nada incomoda meu bem-estar.
Essa impaciência não tem muitos caminhos a transcorrer. Ao mesmo tempo que reclamo comigo mesmo da falta de amigos, de melhores amigos por perto, pra falar, fazer qualquer coisa, reclamo que não quero ver ninguém, e que nada mais parece bom.
Acho que é a vida finalmente batendo na minha porta, mostrando o que realmente é.



Parágrafos da Vida
04 dezembro 2010, 2:33 AM



Livros, notas musicais.
O tempo transforma aquilo que quero.
Algumas coisas mudam, e outras permanecem.
Os discos tocados são os mesmos de dois anos atrás.
As capas, brancas, entreolham-se temendo o iminente amarelo.
E lugares se vão para nunca mais.
Pessoas serão esquecidas. Na memória intactas porém inativas.
As vontades? Algumas se mantém.
Páginas em branco e um lugar tranquilo ainda excitam, deslumbram e fazem sonhar.
Na verdade a gente vive a vida como se tem.
Torcemos para um parto lento do sol e uma morte rápida.
Afinal o sol morre e nós que deitamos.
Os lugares mudam sempre, porém o vento e a chuva perseguem fazendo pensar.
E os velhos desejos, não importa o tempo, sempre terão tempo para serem novos, enquanto eu respirar.



Ociosidade
20 novembro 2010, 7:33 AM

DeviantART by Rui Alexandre Mendes
De alguma forma considero o ato de navegar na internet como uma expressão de ócio, onde os minutos (ou horas) parados na frente da tela pudessem depois injetar sentimentos de culpa por um suposto "tempo perdido", onde eu poderia ter estudado, limpado a casa ou ido a uma livraria.
Mas é confuso saber o que se considera como ociosidade em nossas vidas.
Eis a definição de ócio: 




s.m. O não fazer nada.
Tempo de que se pode dispor; descanso, repouso; vagar.
Preguiça, vadiagem.
Ociosidade.

Esta linha é tão tênue que o descanso, o ato de dormir ou apenas ficar deitado após um dia de trabalho por vezes ganha um significado maior que o ócio, como se fosse algo essencial, mais importante. (Não que não seja, de fato.)
Não se considera então que, estar sentado, na internet ou assistindo TV, seja uma forma de descanso. Se dormimos é importante, mas se assistimos um programa vivemos plenamente o ócio, somos vadios, vagabundos ou coisa que o valha.
As definições vindas das pessoas já ultrapassaram a linha do real significado exposto acima, e já se encontram na linha do julgamento. Como em um tribunal, cada caso é analisado em sua particularidade para saber, enfim, se somos trabalhadores em repouso ou vagabundos sem nada para fazer.
Basicamente, dormir até meio-dia pode, mas acordar as oito pra ficar na frente do computador é perda de tempo.



Múltiplos Sentidos
18 novembro 2010, 7:43 PM

DeviantART by zebraza

Escrever é como viajar sem rumo definido. Você só sabe para onde vai no momento de ir, e dessa forma, acelera em busca de um desconhecido lugar, muitas vezes escondido dentro de nós mesmos.
Escrever é como buscar aquilo que se precisa, mas que nem sempre se perdeu. Algo oculto em um oceano de pensamentos prontos para submergir, mas tem medo de chegar à superfície.
A mim só interessa escrever se algo for possível e passível de mudança. São verdades mentirosas que contamos a cada palavra escrita. São versos que retratam o que sentimos naquele exato instante e que precisa ir para o papel (ou para uma página em branco no computador).
No Múltiplos Sentidos poderá se encontrar pensamentos soltos, opiniões, revoltas, divagações, poesia, história e fantasia. É um espaço para pensamento qualquer, com liberdade de se dizer o que se sente e o que realmente é.